
Rede ICCA tem aplicativo de mapeamento para fortalecer comunidades e povos indígenas
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Corredor Azul
Desenvolvido para comunidades e grupos que colaboram em projetos de mapeamento, monitoramento e documentação, o aplicativo opera em modo offline e permite ao usuário o controle dos dados.
Imagine um aplicativo móvel disponível para povos indígenas e comunidades tradicionais de todo o mundo em que esses grupos tenham um espaço virtual para mapear, monitorar e apoiar suas atividades de conservação e direcionamentos fundiários. Esta tecnologia já não existe e o seu nome: é Mapeo para ICCA, ou Mapeio para ICCA. Esta última sigla, ICCA que significa Territórios e Áreas Conservadas de Povos Indígenas e Comunidades , em português, uma referência ao Consórcio ICCA – Territórios e Áreas Conservadas por Povos Indígenas e Comunidades Locais.
A novidade mobilizou a Rede ICCA para divulgar a ideia e as utilidades do aplicativo. No início de maio, por exemplo, fui promovido para treinamento virtual para uso da tecnologia “Mapping for ICCAS”. Com duas horas de duração, o curso aborda conteúdos teóricos e práticos sobre a operacionalização do sistema, utilização, funções disponíveis na plataforma e passo a passo de como utilizá-lo em campo, ou melhor, em nossos territórios de vida.
Para Lilian Pereira, coordenadora do componente Ways of Life, da Wetlands International Brazil, membro honorário do Consórcio ICCA e membro do Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), a inscrição já está disponível. Isso porque está em pauta há seis anos, através do Programa Corredor Azul (PCA), desenvolvemos diversas parcerias com comunidades que têm conseguido utilizar a ferramenta como é o caso do Povo Kadiwéu, parceiro em Zonas Úmidas e Mupan desde 2016. Comunidade que está localizada no município de Porto Murtinho, num território de 538 mil hectares, considerada a maior reserva indígena do Pantanal.
“Desde cursos com drones até a implantação de viveiros para cultivo de espécies nativas do bioma Pantanal e Cerrado, temos diversos trabalhos em conjunto com os Kadiwéu na promoção da conservação da natureza, da memória e da identidade e, claro, do empoderamento diante de gestão do seu território que é muito extenso e com grandes desafios locais”, diz Lilian que antecipa utilidade na aplicação, “Essa ferramenta, assim como outras também desenvolvidas aqui no Brasil, como o “Tô no Mapa” pode ser de grande utilidade utilidade no trabalho realizado pela Nação Kadiwéu, e Outras comunidades, como a inserção de dados em áreas consideradas sagradas, por exemplo, áreas de conservação, ou esta, é outra ferramenta que vemos para auxiliar o planejamento territorial dessas comunidades.

O Mapa ICCA é uma tecnologia que foi lançada em 2022 em evento paralelo durante a COP 15 da Convenção da Diversidade Biológica – CDB, que reuniu líderes mundiais com o propósito de discutir e assinar acordos globais em benefício da natureza.
“A aplicação torna-se palpável no mundo digital, aliás, todas aquelas informações que de certa forma são conhecidas pelos povos indígenas e comunidades tradicionais. “Fica mais fácil visualizar o que está acontecendo em nossos territórios”, enfatizou Luiz Guilhermo Mora, presidente do consórcio ICCA.
Resultado de um trabalho coletivo, o aplicativo contou com a colaboração da Democracia Digital, PNUMA-WCMC e Programa Povos da Floresta para obter esta versão final disponível gratuitamente nas versões Android e IOS.
“Gostaria de ver como vai ser desenvolvido o mapeamento dos ICCAs na América Latina, espero que ajude na promoção e defesa desses territórios e mais, que administre publicações e relatórios em defesa dessas áreas que são essenciais para a manutenção da vida na Terra”, disse Holly Jonas.
Estima-se que os territórios e áreas conservadas pelos povos indígenas e comunidades locais, ou ICCA, cubram menos de 21% das terras do mundo (UNEP-WCMC e ICCA Consortium, 2021). Se forem reconhecidos pelas suas contribuições para a conservação juntamente com a rede de áreas protegidas e conservadas existentes, estima-se que a cobertura total aumentaria para 31% das terras do mundo (Consórcio ICCA e PNUA).
Contudo, ainda não se sabe exatamente quantos ICCA existem no mundo e, embora desempenhem um papel significativo na conservação da natureza dentro e fora da rede de áreas protegidas e conservadas, muitas vezes não têm a possibilidade de reconfirmação ou proteção legal. , deixando-os para trás a grilagem de terras e dinâmicas que exploram seus recursos.
De posse desses dados, como comunidades podemos até fazer uma triagem de suas informações e alimentar o banco de dados do Registro ICCA e da Iniciativa Planeta Protegido ( Protected Planet Initiative ) da ONU Meio Ambiente, para que essas informações possam ajudá-los a pensar sobre estratégias em busca de políticas públicas que busquem maior conscientização e ação para a ICCA em nível global.
Tudo isso está apenas começando, porque na América Latina o Consórcio ICCA continua em plena atividade e com intensa agenda de trabalho. No dia 31 de maio (quarta-feira) está prevista uma nova assembleia Global da ICCA.
“Há reuniões constantes para estreitar os laços entre os membros da ICCA de todo o mundo. Somente neste primeiro semestre foram realizadas duas reuniões e uma reunião para discutir dois temas e repercussões trabalhados na COP 15. A ideia é que os membros de cada país se mantenham atualizados sobre como nos vemos no mundo”, destaca Lilian Pereira.
O Registro ICCA – gerenciado pelo UNEP-WCMC – aumenta a conscientização sobre a importância dos povos indígenas e das práticas de conservação lideradas pela comunidade, fornecendo uma base de evidências muito necessária para proteger, reconfirmar e apoiar os ICCA em todo o mundo.
Iniciativa Planeta Protegido – Esta é uma fonte de dados mais atualizada e completa sobre áreas protegidas e outras medidas eficazes de conservação de áreas protegidas (OECMs) e fornece uma base para monitorar o progresso na direção dos objetivos internacionais para a cobertura de áreas protegidas e preservadas.
Sobre ICCA
A sigla ICCA, em português, significa Territórios e Áreas Conservadas por Povos Indígenas e Comunidades Locais, ou, em inglês, ICCA (Indigenous Peoples’ and Community Conserved Territories and Areas ). Esta é uma certificação internacional reconfirmada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Um título que traça o reconhecimento das comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, ribeirinhas, povos de terreiro, extrativistas, entre outras) contra suas trajetórias de lutas na manutenção de seus territórios e modos de vida originais.
A agenda do ICCA é promovida pela Mupan – Mulheres no Pantanal, desde 2015, organização referência do ICCA no Brasil, em parceria com a Wetlands International, por meio do Programa Corredor Azul e apoio da Sincronicidade Terra, com o objetivo de dar Visibilidade ao papel das comunidades tradicionais e indígenas na conservação de dois territórios, dos recursos naturais e na manutenção de dois modos de vida. Conheça mais trabalhos para a agenda da ICCA no Brasil clicando aqui .