Conclusões da Wetlands International sobre a COP16 de Biodiversidade
A atenção que água e áreas úmidas receberam na COP16, realizada na Colômbia, anima a Wetlands International. Isso significa um maior reconhecimento da importância das áreas úmidas por parte de governos, ONGs, empresas e fundos de financiamento, o que é essencial para o sucesso da implementação do Marco Global de Biodiversidade.
Entre os resultados negociados, destacamos a decisão das Partes de alinhar os objetivos climáticos e de biodiversidade na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (em inglês, United Nations Framework Convention on Climate Change ou UNFCCC) e na Convenção sobre Diversidade Biológica, representando um passo crucial para conectar a COP16 à COP30 e garantir que o clima e a biodiversidade sejam abordados como crises interconectadas.
Na COP16, além das negociações oficiais, as áreas úmidas estiveram no centro das atenções: no Dia das Florestas e da Água, mais de 140 organizações e especialistas pediram ações mais ousadas para a água e as áreas úmidas; na Cúpula One Water e em eventos paralelos houve discussões sobre turfeiras, manguezais, rotas migratórias e soluções baseadas na natureza; as áreas úmidas foram destacadas no relatório The Economics of Water da Comissão Global sobre a Economia da Água; em apelos por maior colaboração com a Convenção sobre Áreas Úmidas; e no Freshwater Challenge, onde o Panamá se uniu à maior iniciativa global para restaurar rios, lagos e áreas úmidas degradadas.
No entanto, a COP16 não transmitiu a mensagem de que todos os governos estão agindo com a determinação necessária para interromper e reverter a perda de biodiversidade. Existe uma necessidade urgente de que os países prestem mais atenção e tomem medidas para enfrentar as causas subjacentes da perda e degradação das áreas úmidas, incluindo a eliminação de subsídios prejudiciais à natureza e o aumento do financiamento destinado à conservação e restauração dessas áreas.
As áreas úmidas são super-heroínas do clima, fundamentais para a biodiversidade e desempenham um papel único e essencial na conexão das ações sobre o clima e a natureza. Para aproveitar seu potencial e o crescente impulso em relação à água e aos ecossistemas de água doce, os países devem priorizar as áreas úmidas em seus planos de ação nacionais tanto para a biodiversidade quanto para o clima, para garantir uma melhor integração da Convenção sobre Áreas Úmidas com os acordos ambientais globais, incluindo sinergias com a Convenção sobre Diversidade Biológica, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação.
Os países também devem intensificar as ações nacionais e os investimentos nas áreas úmidas. Convidamos a todos a se juntarem ao Freshwater Challenge e ao Mangrove Breakthrough — uma iniciativa global para garantir o futuro de 15 milhões de hectares de manguezais até 2030 — para apoiar a implementação dos objetivos e metas do Marco Global de Biodiversidade relacionados à conservação, restauração e mobilização de recursos para as áreas úmidas.
Apesar de as negociações terem sido suspensas antes que algumas decisões importantes fossem adotadas, há muito que os países e agentes não estatais podem fazer para avançar em direção a uma proteção e restauração mais ambiciosas e eficazes dos ecossistemas de áreas úmidas e da biodiversidade, como por exemplo, usando os indicadores, orientações, ferramentas, conhecimentos e oportunidades de colaboração e apoio já existentes.
Na Wetlands International, oferecemos soluções que podem ser replicadas e ampliadas, e estamos comprometidos em contribuir para a aplicação do Marco Global de Biodiversidade, trabalhando junto com governos, empresas, comunidades locais e indígenas para conservar as áreas úmidas e abordar as causas de sua destruição.