Indígena Kadiwéu toma posse da Coordenadoria Técnica Local (CTL) da Funai, em Bonito/MS
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Ríos y lagos
Representante das instituições Wetlands International Brasil e Mupan, prestigiou a posse
Durante a manhã da última quarta-feira (17), aconteceu a posse do indígena da etnia Kadiwéu, Gilberto Pires, como chefe da Coordenação Técnica Local (CTL) da Funai, em Bonito (MS). O encontro reuniu lideranças indígenas de diversas comunidades que compreendem toda a região entorno do município, além dos familiares que comemoraram o feito. Representando as instituições Wetlands International Brasil e Mulheres em Ação no Pantanal (Mupan), Lilian Pereira, acompanhou a posse.
Para Gilberto, o novo bastão representa responsabilidade e muito trabalho pela frente. “Minha história com a Funai é de décadas, da época de bolsista e estagiário. Acompanhei de perto o início dos trabalhos nessa sede. Agora, é preciso retomar algumas coisas e garantir respeito. Muito respeito, acima de tudo”, afirma. Gilberto acredita que qualquer trabalho, só tem resultado, quando comunidades e entidades cooperam entre si. Sobre as atividades da Wetlands International Brasil e Mupan, que são realizadas desde 2018 dentro do território Kadiwéu, Gilberto afirma ser de extrema importância durante o processo de inserção de crianças, jovens e adultos ao obterem mais conhecimento sobre as suas necessidades e potencialidades.
A coordenadora do componente Modos de Vida do Programa Corredor Azul, da Wetlands International Brasil, e membro honorário TICCA (Territórios e Áreas Conservadas por Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais e Locais), Lilian Pereira, que participa ativamente da aplicação das atividades desenvolvidas no território, destaca a figura do novo chefe técnico local como essencial para a dinamização das ações com a comunidade Kadiwéu. “O Gilberto é um parceiro desde o início dos nossos trabalhos, uma pessoa que facilita e estreita laços que contribuem em todo o processo de gestão. Uma ponte importante e que se sobressai durante os diálogos com outros órgãos e lideranças indígenas”, frisa.
Sobre as ações realizadas no território, Lilian destaca as capacitações e os planejamentos que vão desde o levantamento dessas áreas no viés ambiental, com a recuperação de nascentes, bem como áreas degradadas, além da proteção de espécies e a conservação das áreas úmidas.
Terra Indígena Kadiwéu
A Terra Indígena Kadiwéu possui 538 mil hectares e aproximadamente 1,4 mil habitantes nas aldeias de Alves de Barros, São João, Campina, Barro Preto, Córrego do Ouro e Tomázia. O território trabalha pela preservação de sua cultura e conservação de dois biomas: Pantanal e Cerrado. Com a formação da brigada do PrevFogo, seguida da Abink, no ano de 2018 e a construção de dois viveiros, a etnia tem mais ferramentas para trabalhar pela conservação da natureza. Em 2020, no maior incêndio já vivenciado pelo Pantanal, o fogo, comprometeu 45,9% das terras Kadiwéu, o equivalente a 247,3 mil hectares.
Wetlands International
A Wetlands International é uma organização global, não governamental, sem fins lucrativos, que tem por objetivo conservar e restaurar as áreas úmidas para a natureza e as pessoas. Ao longo dos mais de 80 anos de história, a instituição tem cumprido um papel singular na conservação desses ecossistemas vitais para o planeta e atuado em defesa das áreas úmidas e seus valores nas convenções internacionais no cumprimento da sua missão de preservar e restaurar as áreas úmidas, seus recursos e biodiversidade.
A organização é associada à Convenção de Áreas Úmidas de Importância Internacional (Convenção Ramsar). Seu escritório no Brasil está localizado em Campo Grande/MS e é é responsável pela implementação do Componente Pantanal do Programa Corredor Azul
Mupan
A Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal, é a primeira ONG do Pantanal voltada para a incorporação de gênero na gestão das águas. Foi fundada em agosto de 2000, a partir do componente de fortalecimento de organismos de gestão de água do Projeto GEF Pantanal/Alto Paraguai. Sua missão consiste em ser uma instituição referência no empoderamento de mulheres e de comunidades tradicionais para a defesa de seus territórios, resguardando modos de vida, alinhado ao uso inteligente dos recursos naturais e à igualdade de gênero. Para tanto utiliza-se de metodologias colaborativas e parcerias com os diferentes setores para a geração e aplicação de conhecimentos. Desde 2017 é parceira da Wetlands International na implementação do Componente Pantanal do Programa Corredor Azul (PCA) e outros projetos.
A instituição é a responsável por criar o Espaço TICCA Brasil, sendo o ponto focal do Consórcio ICCA no país. Desde 2018 vem promovendo o conceito TICCA junto as comunidades tradicionais, organizações governamentais e não governamentais, de forma a ampliar o conhecimento sobre TICCA e sua aplicabilidade para a defesa de seus territórios de vida.