Intercâmbio entre viveiristas reforça a importância em restaurar o Pantanal  

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Restaurar e conservar o bioma pantaneiro para as pessoas e a natureza. Esse é o principal objetivo do Programa Corredor Azul, uma iniciativa da Wetlands International e que, no Brasil, culminou em uma série de ações, incluindo o estabelecimento de dois viveiros de mudas em comunidades pantaneiras de Mato Grosso e outros no território Kadiwéu em Mato Grosso do Sul.  

Após os incêndios que assolaram essas áreas úmidas, em 2020, diversas iniciativas conservacionistas surgiram ou foram fortalecidas com o propósito de mobilizar pessoas e instituições em prol do Pantanal. Recentemente, viveiristas dos dois estados, se reuniram durante o Fórum Pontes Pantaneiras*, realizado em Campo Grande (MS), que oportunizou um encontro entre as profissionais que puderam trocar experiências.  

Pontes Pantaneiras

As viveiristas Rozemeire de Arruda e Miriam da Rosa Amorim fazem parte das mais de dez famílias que fazem a gestão de dois viveiros de mudas de espécies de árvores nativas do Pantanal, localizados nas comunidades de São Pedro de Joselândia, em Barão de Melgaço, e Capão do Angico, em Poconé. As sementes usadas para a produção de mudas nos viveiros são coletadas na própria região e boa parte das mudas produzidas é destinada a recuperação de vegetação nativa da Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal, ou apenas RPPN Sesc Pantanal. Trata-se do projeto Recuperação de Florestas Ribeirinhas Pantaneiras: beneficiando água, solo, peixes e populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal – que integra um conjunto de ações na chamada Iniciativa AquaREla Pantanal.  

Encontro das viveiristas

“O sentimento é de gratidão e uma emoção que não cabe no peito. Fazer parte de um trabalho de reflorestamento depois dos incêndios é muito mais que produzir mudas e seu plantio, mas a certeza que estamos fazendo a diferença para todos que estão no entorno do pantanal”, conta Miriam Maria da Rosa Amorim, 26 anos, mobilizadora em São Pedro de Joselândia.  

A gerente geral do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, destaca a importância da cooperação entre as instituições parceiras Wetlands International Brasil, Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal, o Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU/UFMT). “A gente não faz nada sozinho e, desde que o Sesc chegou no Pantanal para implementar a RPPN e todo o projeto dos viveiros, por exemplo, sempre priorizou a parceria e o trabalho em conjunto. A parceria nos tempos mais recentes com a Mupan e Wetlands foi com o objetivo de trazer esse reforço para ações de recuperação das áreas afetadas pelos incêndios e que acabou culminando na Iniciativa Aquarela Pantanal”, explica.   

Sobre a mobilização das comunidades, Cristina Cuiabália garante: “É muito gratificante a gente ver o quanto as comunidades conseguiram se envolver e se apropriar dos projetos, evoluindo e criando autonomia para que, em um futuro próximo, possam dar continuidade por conta própria. Essa perenidade vai ser o principal resultado de todo o investimento que apostamos em prol da comunidade, com esse intuito de contribuir com o desenvolvimento de forma sustentável. Cada vez mais, esse projeto ganha força e projeção”.  

Conexão  

Um engajamento coletivo que só acontece graças aos parceiros que direta ou indiretamente viabilizam iniciativas como o Programa Corredor Azul e a AquaREla Pantanal. Já em Mato Grosso do Sul, do Território Kadiwéu, Carolina Assis, Silvana Derriune, Benilda Vergílio e Creuza Vergílio representaram as comunidades das aldeias Alves de Barros e Barro Preto no Fórum Pontes Pantaneiras. As lideranças indígenas desenvolvem diversos trabalhos em seu território e também contam com o apoio da Wetlands International Brasil e a Mupan.   

“É um privilégio compartilhar nossas vivências com mulheres de outros lugares, que também têm a missão de desenvolver a cultura local, além de conservar nosso meio ambiente. Valorizar nossas tradições e plantarmos para restaurar a natureza é fortalecer nosso território”, frisa Creuza Vergílio, 50 anos.  

Lilian Pereira, que é coordenadora do Componentes Modos de Vida, um dos eixos de trabalho do Programa Corredor Azul, explica as ações desenvolvidas no Território Kadiwéu. “Além da parceria prever o fortalecimento da gestão territorial e ambiental, também atuamos junto as comunidades pensando o futuro, com ações que valorize os costumes e a qualidade de vida dessas comunidades, que ocupam mais de 5400 mil hectares entre Cerrado e Pantanal Sul matogrossense. Já a restauração ambiental é realizada com mudas proveniente dos viveiros das próprias aldeias. Comunidades e associações, como a Associação dos Brigadistas Indígenas da Nação Kadiwéu (ABINK) tem somado esforços para a recuperação de áreas degradadas em todo o território”, pontua.  

Quanto à troca de experiências realizada entre as mulheres, viveiristas e artesãs, que se conectaram durante o intercâmbio, Lilian Pereira ressalta: “É a oportunidade para ampliarem seus conhecimentos, terem mais visibilidade, representando e divulgando sua cultura tradicional. Quando se fala em Pantanal e de quem promove o desenvolvimento sustentável nesse bioma, não podemos esquecer da contribuição decisiva das comunidades indígenas e pantaneiras. Essas populações possuem um modo de vida diverso, com conhecimentos profundos e muito antigos de trabalhar a favor das forças da natureza e que enriquece qualquer vivência e troca de saberes”.  

*O Fórum Pontes Pantaneiras aconteceu de 16 a 18 de agosto de 2023 sob a realização de IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Embrapa Pantanal, University College London, o Smithsonian Institution e o ICMBio/CENAP, e que tem o apoio da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil. Programação. 16, 17 e 18. de agosto de 2023